sábado, 12 de julho de 2008
reunião do gruopo de pesquisa_07.07.08
Participou da reunião: Ana, Ava, Matheus, Sônia e Rita.
Sônia aproveitou o início do encontro para dizer que na próxima semana (14.07) a reunião está suspensa e também para definir a pauta das próximas reuniões:
- falou que será preciso decidir como o grupo recepcionará os bolsistas do pibic e do permanecer, e quem ficará responsável por tutorar cada bolsista;
- ressaltou a importância dessas tutorias e disse que os tutores devem ser responsáveis não apenas pelo acompanhamento das tarefas, mas por tudo que está envolvido com a educação dos estudantes, desde “a aparência física, até os filmes que eles assistem”;
- Sônia sugeriu que na recepção dos bolsistas fosse preparada uma apresentação sobre o grupo e também uma breve apresentação sobre os projetos de cada componente;
- disse que será preciso definir o formato do curso ministrado por Coulon e pensar na divulgação do livro neste mesmo período;
- fez outra sugestão sobre a criação de uma lista pelo grupo com algumas referências de textos sobre metodologia de pesquisa e que poderá circular na internet;
- por fim, ficou definido o que acontecerá nos próximos encontros:
21.07_ Ana apresentará um trabalho sobre entrevista narrativa e se for possível, Gina também fará uma apresentação sobre diário de campo;
28.07_ apresentação do projeto de Ana para o seminário de qualificação e
04.07_ apresentação da dissertação de Vitor.
Ana iniciou sua apresentação dizendo que a auto-etnografia é uma abordagem em pesquisa narrativa e, segundo ela, na auto-etnografia os pesquisadores funcionam como uma lente analítica não apenas dos outros, mas também deles próprios.
Durante todo o processo de investigação está em jogo a relação entre os participantes da pesquisa e a identidade do pesquisador, tudo isso como parte do trabalho em campo. Ana ressalta que na auto-etnografia é levada em conta mais a observação da participação do que a observação participante. O pesquisador está a todo o momento construindo o sentido daquilo que ele investiga, mas também reflete sobre o que faz sentido para ele dentro deste processo. Uma pesquisa auto-etnográfica não deve ser tomada como uma simples confissão das experiências do pesquisador, mas como uma investigação provocativa, em que o pesquisador encontra-se emocionalmente engajado.
Ao final da apresentação, Sônia afirmou que a auto-etnografia dá suporte ao debate do grupo de pesquisa e que nosso objetivo é construir um arcabouço etnopsicológico, com referenciais que se aproximem dessa abordagem e que ao mesmo tempo a constituam com um campo do saber. Sônia sugere que cada um reflita sobre em que campo do saber se encontra e pense na sua contribuição para o grupo de pesquisa, pois para ela os grupos de pesquisa muitas vezes absorvem pessoas “desimplicadas” e que não se encaixam na discussão metodológica do seu grupo. Aproveitou para falar sobre a proposta do reitor em criar uma pós-graduação em Ensino Superior e o quanto este tema está presente no nosso grupo.
Sônia aproveitou o início do encontro para dizer que na próxima semana (14.07) a reunião está suspensa e também para definir a pauta das próximas reuniões:
- falou que será preciso decidir como o grupo recepcionará os bolsistas do pibic e do permanecer, e quem ficará responsável por tutorar cada bolsista;
- ressaltou a importância dessas tutorias e disse que os tutores devem ser responsáveis não apenas pelo acompanhamento das tarefas, mas por tudo que está envolvido com a educação dos estudantes, desde “a aparência física, até os filmes que eles assistem”;
- Sônia sugeriu que na recepção dos bolsistas fosse preparada uma apresentação sobre o grupo e também uma breve apresentação sobre os projetos de cada componente;
- disse que será preciso definir o formato do curso ministrado por Coulon e pensar na divulgação do livro neste mesmo período;
- fez outra sugestão sobre a criação de uma lista pelo grupo com algumas referências de textos sobre metodologia de pesquisa e que poderá circular na internet;
- por fim, ficou definido o que acontecerá nos próximos encontros:
21.07_ Ana apresentará um trabalho sobre entrevista narrativa e se for possível, Gina também fará uma apresentação sobre diário de campo;
28.07_ apresentação do projeto de Ana para o seminário de qualificação e
04.07_ apresentação da dissertação de Vitor.
Ana iniciou sua apresentação dizendo que a auto-etnografia é uma abordagem em pesquisa narrativa e, segundo ela, na auto-etnografia os pesquisadores funcionam como uma lente analítica não apenas dos outros, mas também deles próprios.
Durante todo o processo de investigação está em jogo a relação entre os participantes da pesquisa e a identidade do pesquisador, tudo isso como parte do trabalho em campo. Ana ressalta que na auto-etnografia é levada em conta mais a observação da participação do que a observação participante. O pesquisador está a todo o momento construindo o sentido daquilo que ele investiga, mas também reflete sobre o que faz sentido para ele dentro deste processo. Uma pesquisa auto-etnográfica não deve ser tomada como uma simples confissão das experiências do pesquisador, mas como uma investigação provocativa, em que o pesquisador encontra-se emocionalmente engajado.
Ao final da apresentação, Sônia afirmou que a auto-etnografia dá suporte ao debate do grupo de pesquisa e que nosso objetivo é construir um arcabouço etnopsicológico, com referenciais que se aproximem dessa abordagem e que ao mesmo tempo a constituam com um campo do saber. Sônia sugere que cada um reflita sobre em que campo do saber se encontra e pense na sua contribuição para o grupo de pesquisa, pois para ela os grupos de pesquisa muitas vezes absorvem pessoas “desimplicadas” e que não se encaixam na discussão metodológica do seu grupo. Aproveitou para falar sobre a proposta do reitor em criar uma pós-graduação em Ensino Superior e o quanto este tema está presente no nosso grupo.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Reunião do grupo de pesquisa_05.05.08
Participou da reunião: Sônia, Rita, Ava, Vitor, Carla, Clarissa, Damonille e Ana Margareth
Sônia começou a reunião justificando a ausência de Gina (que durante esse mês não estará presente nas reuniões), de Ana Urpia e de Matheus. Afirmou a importância de ser mantido um compromisso com o grupo e pediu que as faltas e atrasos fossem evitados e caso ocorressem, justificados.
Inicialmente, a proposta para a reunião era dar continuidade à discussão sobre construcionismo social. Porém, como havia poucas pessoas presentes no início da reunião, Sônia sugeriu uma “operação tapa-buraco”: pediu ao grupo que fizesse uma exposição sobre o processo de orientação em pesquisa, sobre os objetivos de um grupo de pesquisa e sobre o campo do saber em que estamos inseridos (ou que não estamos inseridos).
Orientação em pesquisa ou como evitar as “desorientações”
Carla relatou sua experiência, ainda na graduação, e de suas 3 orientações durante a elaboração da sua monografia. Seu 1º orientador precisou ser “descartado”, pois, segundo Carla, ela não conseguia encontrar nele alguém que compartilhasse do seu ponto de vista. Partiu, então, em busca de um 2º orientador. Quando Carla parecia “acertar os ponteiros”, este orientador foi desligado do programa. Carla seguiu em direção ao seu 3º orientador e naquele momento não havia mais chance, nem tempo, para um 4º. A partir desta experiência, Carla formulou algumas questões sobre o papel do orientador:
- o orientador deve dialogar com o trabalho do estudante a todo o momento?
- o estudante deve produzir e depois mostrar o seu trabalho para o orientador?
- será que tem orientador que só “enrola” o estudante?
- quanto vale um orientando para um orientador? (Carla, que veio de uma universidade particular, afirmou que nessas instituições os professores costumam ser remunerados por suas orientações).
Parêntesis
Sônia aproveitou a última questão levantada por Carla e citou a matéria exibida pelo Fantástico, no dia anterior, sobre as provas de vestibular aplicadas pelas instituições particulares de ensino superior. De acordo com Sônia, a matéria mostrou estudantes do ensino fundamental realizando uma avaliação que permitiria o ingresso em uma dessas instituições. As perguntas da prova eram óbvias e quase todas as crianças que foram submetidas à avaliação foram aprovadas. Para Sônia, um grande número de jovens de origem popular opta por essas instituições de ensino por não conhecerem o sistema de cotas da UFBA. Como as universidades públicas não fazem divulgação na mídia, elas acabam “perdendo” muitos desses estudantes para as faculdades particulares. Carla aproveitou para relatar o caso de uma garota de Cachoeira, filha de uma empregada doméstica, que ao dizer que estava pensando em entrar na Universidade Federal do Recôncavo foi imediatamente coibida pela mãe. Carla disse que a mãe afirmava para a filha que a universidade não era pra ela. Esse episódio revela o preconceito da própria família e a falta de conhecimento das políticas de ações afirmativas.
Voltando à orientação
Eu (Ava) falei da minha experiência de orientação com Sônia e afirmei que até então a minha orientação tem seguido como eu esperava: o orientador tem sido responsável por dar dicas, por guiar e direcionar o projeto, mas o primeiro passo deve ser sempre do orientando. Para mim, o orientando precisa assumir responsabilidades, cumprir suas obrigações com as disciplinas, realizar suas tarefas, buscar referências para o projeto e sempre que uma dúvida surgir, dividi-la com o orientador. O orientador precisa acompanhar as produções do seu orientando, mas esse acompanhamento deve ser solicitado pelo próprio estudante, mesmo porque o orientador não tem como saber quais são os momentos em que surgem dúvidas e possíveis dificuldades.
Os tipos de orientadores
Para Clarissa, existem estudantes que se interessam por pesquisa, mas esse interesse não é tão homogêneo entre os estudantes de graduação. Ela sempre participou de pesquisa e relatou algumas experiências com seus orientadores. Segundo Clarissa, ela já teve orientador mais relaxado, que não se preocupava com a formação dos estudantes. Teve também orientador que queria redigir todo o trabalho e não dava espaço para os orientandos. Teve uma orientadora que a acordava, bem ao estilo “diabo veste Prada” (que para Vitor poderia ser traduzido como “o diabo faz pesquisa”).
Rita aproveitou para citar um artigo que ela leu ainda na graduação, no qual o autor concluía que alguns orientadores imprimem tanto o seu perfil nos trabalhos dos seus orientandos, que os trabalhos terminam ficando todos com “a cara” do orientador e não há espaço para uma exposição mais pessoal do estudante.
Resumindo...
Vitor definiu o papel do orientador em:
- diálogo;
- compromisso;
- liberdade;
- apresentação de horizontes/direcionalidade de ações e
- anti-tarefista.
Sônia disse que a orientação é sempre uma relação terapêutica e que é preciso que o orientador conheça um pouco da vida do seu orientando, até mesmo para desenhar o estilo daquele sujeito e a forma como ele trabalha. Disse também que o mais importante nesse tipo de relação é o respeito.
Qual é mesmo o papel desse grupo de pesquisa?
Sônia define o grupo de pesquisa com um espaço a favor da diversidade e no qual deve ser formado uma rede de solidariedade. Ele é diversificado porque além de contar com os orientandos e ex-orientandos de Sônia, cada um com seus interesses particulares, ainda há a presença de doutores (neste momento não tão presentes, porque, segundo Sônia, estão todos ocupadíssimos) e de estudantes escolhidos por Sônia pela possibilidade de contribuição que podem oferecer. O grupo deve ser solidário porque, para Sônia, este é um ambiente no qual podemos compartilhar projetos, idéias, dúvidas... Os integrantes do grupo devem orientar e ser orientados pelo colega. O grupo de pesquisa é um ambiente que reúne interesses pessoais e coletivos.
Parêntesis
Sônia explica a diferença entre aluno e estudante. Aluno significa “sem luz”, é aquele sujeito que precisa de um professor para guiá-lo (embora Sônia não concorde com essa terminologia). O estudante, por sua vez, é aquele com maior autonomia. Na França, alunos são crianças e adolescentes que ainda freqüentam a escola, e estudante é o jovem universitário.
Sônia também faz a diferença entre autor e ator. Ela trouxe como exemplo um ator de teatro. Quando este ator é bom e representa bem, ele termina se apropriando do personagem e naquele momento é também autor, pois sua autoria diante do projeto se torna visível, ele não será apenas um sujeito que representa. Sônia citou Jacques Ardoino e o processo definido por ele como negatricidade: negar o que vem antes para fazer uma elaboração própria. Este processo possibilita uma autorização do sujeito diante de um determinado fenômeno. Para Sônia, o estudante deve caminhar sempre em busca dessa autonomia.
E pra terminar...
Sônia disse que o que ela espera do grupo de pesquisa é que este seja mais um espaço de aprendizagem e que, com a chegada dos seus alunos do Projeto Permanecer, os atuais integrantes do grupo estejam preparados para dar orientações, mesmo porque ela não terá tempo de orientar todos esses seis estudantes de graduação. Sônia também falou das pessoas que tem escolhido para fazer parte do grupo e que ela confirma a idéia de Kabengele Munanga: “Ninguém trabalha com inimigo”. Logo, seus orientandos e os componentes do GP são todos escolhidos a partir de interesses e afinidades!
Rita termina a reunião dizendo que o grupo precisa assumir um caráter cada vez mais anárquico, e que as reuniões não precisam ser tão organizadas e arrumadas. Sônia defende que não há trabalho sem improviso e que o formato desse grupo é não ter formato.
Sônia disse ainda que o GP em breve terá uma sala (assim que o prédio ao lado do mestrado ficar pronto) e que com esse espaço o grupo deve se tornar mais independente e ter vida além da reunião.
Próxima reunião
Continua a discussão sobre construcionismo e inicia-se outra sobre campos do saber (em que campo nós estamos, ou ao menos já sabemos em que campo não estamos?).
Obs.: Sônia avisou que não estará presente na reunião do dia 02 de junho!
Sônia começou a reunião justificando a ausência de Gina (que durante esse mês não estará presente nas reuniões), de Ana Urpia e de Matheus. Afirmou a importância de ser mantido um compromisso com o grupo e pediu que as faltas e atrasos fossem evitados e caso ocorressem, justificados.
Inicialmente, a proposta para a reunião era dar continuidade à discussão sobre construcionismo social. Porém, como havia poucas pessoas presentes no início da reunião, Sônia sugeriu uma “operação tapa-buraco”: pediu ao grupo que fizesse uma exposição sobre o processo de orientação em pesquisa, sobre os objetivos de um grupo de pesquisa e sobre o campo do saber em que estamos inseridos (ou que não estamos inseridos).
Orientação em pesquisa ou como evitar as “desorientações”
Carla relatou sua experiência, ainda na graduação, e de suas 3 orientações durante a elaboração da sua monografia. Seu 1º orientador precisou ser “descartado”, pois, segundo Carla, ela não conseguia encontrar nele alguém que compartilhasse do seu ponto de vista. Partiu, então, em busca de um 2º orientador. Quando Carla parecia “acertar os ponteiros”, este orientador foi desligado do programa. Carla seguiu em direção ao seu 3º orientador e naquele momento não havia mais chance, nem tempo, para um 4º. A partir desta experiência, Carla formulou algumas questões sobre o papel do orientador:
- o orientador deve dialogar com o trabalho do estudante a todo o momento?
- o estudante deve produzir e depois mostrar o seu trabalho para o orientador?
- será que tem orientador que só “enrola” o estudante?
- quanto vale um orientando para um orientador? (Carla, que veio de uma universidade particular, afirmou que nessas instituições os professores costumam ser remunerados por suas orientações).
Parêntesis
Sônia aproveitou a última questão levantada por Carla e citou a matéria exibida pelo Fantástico, no dia anterior, sobre as provas de vestibular aplicadas pelas instituições particulares de ensino superior. De acordo com Sônia, a matéria mostrou estudantes do ensino fundamental realizando uma avaliação que permitiria o ingresso em uma dessas instituições. As perguntas da prova eram óbvias e quase todas as crianças que foram submetidas à avaliação foram aprovadas. Para Sônia, um grande número de jovens de origem popular opta por essas instituições de ensino por não conhecerem o sistema de cotas da UFBA. Como as universidades públicas não fazem divulgação na mídia, elas acabam “perdendo” muitos desses estudantes para as faculdades particulares. Carla aproveitou para relatar o caso de uma garota de Cachoeira, filha de uma empregada doméstica, que ao dizer que estava pensando em entrar na Universidade Federal do Recôncavo foi imediatamente coibida pela mãe. Carla disse que a mãe afirmava para a filha que a universidade não era pra ela. Esse episódio revela o preconceito da própria família e a falta de conhecimento das políticas de ações afirmativas.
Voltando à orientação
Eu (Ava) falei da minha experiência de orientação com Sônia e afirmei que até então a minha orientação tem seguido como eu esperava: o orientador tem sido responsável por dar dicas, por guiar e direcionar o projeto, mas o primeiro passo deve ser sempre do orientando. Para mim, o orientando precisa assumir responsabilidades, cumprir suas obrigações com as disciplinas, realizar suas tarefas, buscar referências para o projeto e sempre que uma dúvida surgir, dividi-la com o orientador. O orientador precisa acompanhar as produções do seu orientando, mas esse acompanhamento deve ser solicitado pelo próprio estudante, mesmo porque o orientador não tem como saber quais são os momentos em que surgem dúvidas e possíveis dificuldades.
Os tipos de orientadores
Para Clarissa, existem estudantes que se interessam por pesquisa, mas esse interesse não é tão homogêneo entre os estudantes de graduação. Ela sempre participou de pesquisa e relatou algumas experiências com seus orientadores. Segundo Clarissa, ela já teve orientador mais relaxado, que não se preocupava com a formação dos estudantes. Teve também orientador que queria redigir todo o trabalho e não dava espaço para os orientandos. Teve uma orientadora que a acordava, bem ao estilo “diabo veste Prada” (que para Vitor poderia ser traduzido como “o diabo faz pesquisa”).
Rita aproveitou para citar um artigo que ela leu ainda na graduação, no qual o autor concluía que alguns orientadores imprimem tanto o seu perfil nos trabalhos dos seus orientandos, que os trabalhos terminam ficando todos com “a cara” do orientador e não há espaço para uma exposição mais pessoal do estudante.
Resumindo...
Vitor definiu o papel do orientador em:
- diálogo;
- compromisso;
- liberdade;
- apresentação de horizontes/direcionalidade de ações e
- anti-tarefista.
Sônia disse que a orientação é sempre uma relação terapêutica e que é preciso que o orientador conheça um pouco da vida do seu orientando, até mesmo para desenhar o estilo daquele sujeito e a forma como ele trabalha. Disse também que o mais importante nesse tipo de relação é o respeito.
Qual é mesmo o papel desse grupo de pesquisa?
Sônia define o grupo de pesquisa com um espaço a favor da diversidade e no qual deve ser formado uma rede de solidariedade. Ele é diversificado porque além de contar com os orientandos e ex-orientandos de Sônia, cada um com seus interesses particulares, ainda há a presença de doutores (neste momento não tão presentes, porque, segundo Sônia, estão todos ocupadíssimos) e de estudantes escolhidos por Sônia pela possibilidade de contribuição que podem oferecer. O grupo deve ser solidário porque, para Sônia, este é um ambiente no qual podemos compartilhar projetos, idéias, dúvidas... Os integrantes do grupo devem orientar e ser orientados pelo colega. O grupo de pesquisa é um ambiente que reúne interesses pessoais e coletivos.
Parêntesis
Sônia explica a diferença entre aluno e estudante. Aluno significa “sem luz”, é aquele sujeito que precisa de um professor para guiá-lo (embora Sônia não concorde com essa terminologia). O estudante, por sua vez, é aquele com maior autonomia. Na França, alunos são crianças e adolescentes que ainda freqüentam a escola, e estudante é o jovem universitário.
Sônia também faz a diferença entre autor e ator. Ela trouxe como exemplo um ator de teatro. Quando este ator é bom e representa bem, ele termina se apropriando do personagem e naquele momento é também autor, pois sua autoria diante do projeto se torna visível, ele não será apenas um sujeito que representa. Sônia citou Jacques Ardoino e o processo definido por ele como negatricidade: negar o que vem antes para fazer uma elaboração própria. Este processo possibilita uma autorização do sujeito diante de um determinado fenômeno. Para Sônia, o estudante deve caminhar sempre em busca dessa autonomia.
E pra terminar...
Sônia disse que o que ela espera do grupo de pesquisa é que este seja mais um espaço de aprendizagem e que, com a chegada dos seus alunos do Projeto Permanecer, os atuais integrantes do grupo estejam preparados para dar orientações, mesmo porque ela não terá tempo de orientar todos esses seis estudantes de graduação. Sônia também falou das pessoas que tem escolhido para fazer parte do grupo e que ela confirma a idéia de Kabengele Munanga: “Ninguém trabalha com inimigo”. Logo, seus orientandos e os componentes do GP são todos escolhidos a partir de interesses e afinidades!
Rita termina a reunião dizendo que o grupo precisa assumir um caráter cada vez mais anárquico, e que as reuniões não precisam ser tão organizadas e arrumadas. Sônia defende que não há trabalho sem improviso e que o formato desse grupo é não ter formato.
Sônia disse ainda que o GP em breve terá uma sala (assim que o prédio ao lado do mestrado ficar pronto) e que com esse espaço o grupo deve se tornar mais independente e ter vida além da reunião.
Próxima reunião
Continua a discussão sobre construcionismo e inicia-se outra sobre campos do saber (em que campo nós estamos, ou ao menos já sabemos em que campo não estamos?).
Obs.: Sônia avisou que não estará presente na reunião do dia 02 de junho!
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Reunião do Grupo de Pesquisa - 28.04.08
Reunião do Grupo de Pesquisa - 28.04.08
Relatora: Clarissa Íris Rocha Leite
Sônia inicia a reunião falando sobre o novo curso da UFBA que está sendo proposto pelo departamento de psicologia. Trata-se de uma graduação em atenção psicossocial que pretende envolver reflexões de diversas áreas entre outras a psicologia, serviço social, educação e saúde. Sônia aproveita pra convidar o grupo para a construção do projeto político pedagógico do curso.
Rita informa que o encontro anterior (21.04.08), por ter se tratar de uma discussão teórica não foi feito relato, sendo conversado de que quem relata deveria se sacrificar na participar da discussão, o que não era legal pra dinâmica do grupo. Diante da discussão combinamos não relatar quando a discussão for exclusivamente teórica.
Nossa lista de indicações tem seu primeiro item, trata-se de um livro de etnometodologia feita junto a meninos de rua, onde o autor não dá atenção ao método e no anexo apresenta um capítulo nomeado um brinde a academia, tratando da hermenêutica (não consegui anotar o nome do autor).
Um e-mail é lido para o grupo. Assunto: cabelo negro, história, complexo, desejo de estudo com relação ao interacionismo, ela e seu sujeito. Inquietações.
Mais uma indicação, um artigo:
DUBAR, Claude. Trajetórias sociais e formas identitárias: alguns esclarecimentos conceituais e metodológicos. 1998.
TEMA DO DIA: ETNOMETODOLOGIA
Georgina conduz o tema do encontro, apresentando duas possibilidades de discussão, a sua tese ou um passeio mais geral sobre o tema. O grupo embarca no passeio, avalia importante o espaço para falar sobre o que estamos construindo nesses encontros, sobre o desafio de construir uma teoria, até então nomeada de etnopsicologia.
Sônia expõe para duas colegas convidadas o funcionamento do grupo e nossos audaciosos objetivos.
Método ou teoria?
Gina inicia apresentando algumas idéias de Garfinkel, entre elas, o social é descrito como algo que todo mundo faz. O termo etnometodologia, para o autor, parece não ter sido uma boa opção para descrever o fenômeno, pois não se trataria de um método de pesquisa, mas um método das pessoas. Gina usa o exemplo da fila no Brasil, a concepção diferente por exemplo do francês, aqui, as pessoas circulam e retornam para tomar “seu” lugar, que poderia ter deixado de ser seu pelo abandono. O brasileiro tem uma experiência de fila singular. Recordei também da utilização de objetos para guardar lugar na fila, havendo até filas de pedra. Isso que constitui nosso social pode ser falado, são coisas ordinárias .
Sônia aponta que esse jeito de fazer pesquisa se opõe a um concepção sociológica de classe social, nível de instrução, pertencimento. Compreedendo assim que cada indivíduo pode e tem possibilidades de ação no mundo, revelando na pesquisa uma maneira particular e interpretativa.
Concebe-se a etnometodologia não enquanto um método, mas como uma forma de compreensão social, na perspectiva do ponto de vista das pessoas (etno). Gina relembra o histórico de Garfinkel, que é filho da sociologia americana, da Escola de Chicago, viveu num momento histórico importante onde pode se aproveitar da guerra e se libertar de proposições políticas da época. Realizando estudos importantes, discutindo questões a margem, entre outros situa-se Júri, uma discussão sobre transsexualidade, revelando que ser mulher é uma construção social, fazendo uma política voltada não para os trans, mas uma discussão ampliada para toda a sociedade. Alguém relembra que na etnometodologia não tem hipótese, mas apenas o desejo de saber, o que faz... traz... para fazer a pesquisa. Não se fecha o tema antes da investigação.
Indica-se trabalho feito por cartas do lixo para entender como se deu essa vida do polonês: THOMAS, W. I. ZNAAJECKI, F. The Polish peasent em Europe and America, Chicago, university. 1927.
A dissertação de Ana Flávia também é lembrada, com ênfase no capítulo sobre interacionismo simbólico que faz uma reflexão sobre psicologia e sociologia e da relação entre interacionismo e etnometodologia (disponível em... http://www.pospsi.ufba.br/pdf/anaflavia.pdf): SANTANA, Ana Flávia. Tendo a rua como casa: Ensaio etnopsicológico com crianças.
Patrícia indica Jerome BRUNER, na possibilidade de articulação teórica com a proposta da etnometodologia, por considerar que este elege a fala como tão importante quanto o comportamento. Não desconsiderando a cultura.
Gina relembra Alfred SCHUTZ, que discute o que é natural e o senso comum, tratando da fenomenologia social, segundo ela “A etnometodologia deve muito à obra de Schütz, definindo as tipificações e categorizações que ele propõe, em termos de raciocínio sociológico prático ou de senso comum”.
Gina nos apresenta algumas noções fundamentais (indico os slides para melhor recordar):
INDEXICALIDADE
Relatora: Clarissa Íris Rocha Leite
Sônia inicia a reunião falando sobre o novo curso da UFBA que está sendo proposto pelo departamento de psicologia. Trata-se de uma graduação em atenção psicossocial que pretende envolver reflexões de diversas áreas entre outras a psicologia, serviço social, educação e saúde. Sônia aproveita pra convidar o grupo para a construção do projeto político pedagógico do curso.
Rita informa que o encontro anterior (21.04.08), por ter se tratar de uma discussão teórica não foi feito relato, sendo conversado de que quem relata deveria se sacrificar na participar da discussão, o que não era legal pra dinâmica do grupo. Diante da discussão combinamos não relatar quando a discussão for exclusivamente teórica.
Nossa lista de indicações tem seu primeiro item, trata-se de um livro de etnometodologia feita junto a meninos de rua, onde o autor não dá atenção ao método e no anexo apresenta um capítulo nomeado um brinde a academia, tratando da hermenêutica (não consegui anotar o nome do autor).
Um e-mail é lido para o grupo. Assunto: cabelo negro, história, complexo, desejo de estudo com relação ao interacionismo, ela e seu sujeito. Inquietações.
Mais uma indicação, um artigo:
DUBAR, Claude. Trajetórias sociais e formas identitárias: alguns esclarecimentos conceituais e metodológicos. 1998.
TEMA DO DIA: ETNOMETODOLOGIA
Georgina conduz o tema do encontro, apresentando duas possibilidades de discussão, a sua tese ou um passeio mais geral sobre o tema. O grupo embarca no passeio, avalia importante o espaço para falar sobre o que estamos construindo nesses encontros, sobre o desafio de construir uma teoria, até então nomeada de etnopsicologia.
Sônia expõe para duas colegas convidadas o funcionamento do grupo e nossos audaciosos objetivos.
Método ou teoria?
Gina inicia apresentando algumas idéias de Garfinkel, entre elas, o social é descrito como algo que todo mundo faz. O termo etnometodologia, para o autor, parece não ter sido uma boa opção para descrever o fenômeno, pois não se trataria de um método de pesquisa, mas um método das pessoas. Gina usa o exemplo da fila no Brasil, a concepção diferente por exemplo do francês, aqui, as pessoas circulam e retornam para tomar “seu” lugar, que poderia ter deixado de ser seu pelo abandono. O brasileiro tem uma experiência de fila singular. Recordei também da utilização de objetos para guardar lugar na fila, havendo até filas de pedra. Isso que constitui nosso social pode ser falado, são coisas ordinárias .
Sônia aponta que esse jeito de fazer pesquisa se opõe a um concepção sociológica de classe social, nível de instrução, pertencimento. Compreedendo assim que cada indivíduo pode e tem possibilidades de ação no mundo, revelando na pesquisa uma maneira particular e interpretativa.
Concebe-se a etnometodologia não enquanto um método, mas como uma forma de compreensão social, na perspectiva do ponto de vista das pessoas (etno). Gina relembra o histórico de Garfinkel, que é filho da sociologia americana, da Escola de Chicago, viveu num momento histórico importante onde pode se aproveitar da guerra e se libertar de proposições políticas da época. Realizando estudos importantes, discutindo questões a margem, entre outros situa-se Júri, uma discussão sobre transsexualidade, revelando que ser mulher é uma construção social, fazendo uma política voltada não para os trans, mas uma discussão ampliada para toda a sociedade. Alguém relembra que na etnometodologia não tem hipótese, mas apenas o desejo de saber, o que faz... traz... para fazer a pesquisa. Não se fecha o tema antes da investigação.
Indica-se trabalho feito por cartas do lixo para entender como se deu essa vida do polonês: THOMAS, W. I. ZNAAJECKI, F. The Polish peasent em Europe and America, Chicago, university. 1927.
A dissertação de Ana Flávia também é lembrada, com ênfase no capítulo sobre interacionismo simbólico que faz uma reflexão sobre psicologia e sociologia e da relação entre interacionismo e etnometodologia (disponível em... http://www.pospsi.ufba.br/pdf/anaflavia.pdf): SANTANA, Ana Flávia. Tendo a rua como casa: Ensaio etnopsicológico com crianças.
Patrícia indica Jerome BRUNER, na possibilidade de articulação teórica com a proposta da etnometodologia, por considerar que este elege a fala como tão importante quanto o comportamento. Não desconsiderando a cultura.
Gina relembra Alfred SCHUTZ, que discute o que é natural e o senso comum, tratando da fenomenologia social, segundo ela “A etnometodologia deve muito à obra de Schütz, definindo as tipificações e categorizações que ele propõe, em termos de raciocínio sociológico prático ou de senso comum”.
Gina nos apresenta algumas noções fundamentais (indico os slides para melhor recordar):
INDEXICALIDADE
Todas as determinações que ligam uma palavra a uma situação (AQUI; ALI; EU; VOCÊ) Toda palavra é trans-situacional, ou seja tem um significado distinto relacionado a situação particular em que é usada.
REFLEXIVIDADEReflexividade não é reflexão. São as práticas que designam a equivalência entre o que é descrito e ao mesmo tempo produzido. Meu olhar sobre as coisas os organiza, os constitui por um corte produtor de uma ordem que ao mesmo tempo se impõe a mim como exprime.
ACCONTABILITYO mundo se realiza em nossos atos práticos; Dizer que o mundo é accountable, significa dizer que ele é disponível, descritível e inteligível, relatável e analisável e que estas características se apresentam ao mundo nas ações práticas realizadas pelos atores. O mundo não é dado, ele se realiza em nossos atos práticos
NOÇÃO DE MEMBROO termo não é usado em referência a uma pessoa em particular. Produção local e o carater favorável e disponível da ordem social. Domínio da linguagem comum. Tornar-se membro é filiar-se a um grupo, conhecer suas regras, o comportamento implícito seu modo de agir incorporando seus etnométodos
Gina nos apresenta um conceito de REGRA, e chegamos numa grande questão: se cumprimos a regra a sociedade não funciona. Uma questão relevante é que a regra deveria ajudar as coisas funcionarem. Nós interpretamos a regra, desconstruimos e reconstruímos. Se formos cumprir a regrar vem o caos. Vários exemplos foram lembrados, entre eles a operação tartaruga, a vistoria dos aeroportos. Porém o exemplo que mais me chamou a atenção foi da experiência de uma colega, que nos contou que ao trabalhar numa instituição as regras inutilizavam a atuação do educador, na medida em que as coisas funcionavam, a rotina estabelecida fixa, não permitia que o educador faça contacto as tensões dos alunos, o ato educativo não se concretiza. Um outro exemplo foi de uma greve de silencio dos alunos que causou grande problema na escola. As idéias então nos levam a compreender que o cumprimento rígido das regras pode “amordaçar” o diálogo. Nossa convidada da área da informática explica que as regras nesse campo são fundamentais para solucionar problemas. Sônia indica um artigo sobre como desmontar o discurso do operador de telemarket, indicando que é fundamental o ponto de vista do cliente.
Discutimos também sobre o diário de campo. Mais uma valiosa indicação para esse tema: RENÈ BARRIÈ, no texto pesquisa ação existencial. O tempo do encontro chegou ao fim, estava quente a conversa, mas fechamos.
Sônia relembra da necessidade de organizar os encaminhamentos do grupo.
domingo, 27 de abril de 2008
Ausência de GP
Colegas, não comparecerei a reunião de amanhã em virtude de reunião na UNEB com o Reitor no mesmo horário do nosso GP. Já comuniquei a Profe.
Abraços e bons estudos!
Maíra
Abraços e bons estudos!
Maíra
terça-feira, 15 de abril de 2008
Retificação
Os presentes na reunião do dia 07/04/08 foram: Sônia, Molije, Damonille, Carla, Ana Urpia, Maíra, Rita, Gina, Ava, Matheus e Clarissa.
domingo, 13 de abril de 2008
Reunião do Grupo de Pesquisa: Aproximações a perspectiva etno em psicologia do desenvolvimento
Data: 07.04.08
Presentes: Sônia, Molije, Damonille, Carla, Ana Urpia, Maíra, Rita, Gina, Ava e Matheus.
PREÂMBULO
Sônia inicia a reunião apresentando Molije e expondo para ela o funcionamento do grupo. Molije aproveita o espaço para falar da passagem de Mary Jane Spink por Salvador na quinta-feira passada para a defesa da tese de Guga, denominada “Desejo a flor da tela”. Uma etnografia feita toda pela internet e que apresenta o ponto de vista de pessoas que defendem o sexo sem preservativos, trazendo à tona a relação risco x prazer. Aproveita ainda para convidar o grupo para assistir uma breve apresentação que Guga fará da tese para uma das turmas dela, na quarta-feira 09.04, às 13:30.
Molije também fala sobre o edital do CNPq para recém doutores, incentivando a realização de trabalhos de mais ou menos três anos, com bolsistas de iniciação científica e mestrandos. Fala que pretende submeter um projeto que investigue como ocorre a formação dos residentes nas residências multiprofissionais em saúde mental, considerando o contexto da reforma psiquiátrica e a humanização do SUS.
Sônia intervém discutindo a necessidade de ajustar a linha de educação e saúde para abrigar temas como o de Molije.
Sônia diz ter começado a receber os resumos do CIPA e pede que os interessados se antecipem. Solicita que os resumos sejam enviados até segunda-feira (14.04). Fala um pouco sobre as formas de apresentação, especialmente para os artigos mais teóricos, e sobre a mesa com Alain Coulon.
Sônia comenta que está com dois cursos em andamento, o de Serviço Social e o de Atenção Psicossocial. Fala também da demanda do Reuni para Psicologia, como o aumento das vagas em 20% e a proposta de conteúdos curriculares para o BI de Humanidades.
Rita atenta para o edital da UFRB, que está com inscrições abertas para professores até dia 30.04. Os interessados devem acessar www.ufrb.edu.br.
Sônia recomenda que todos leiam o edital, mesmo que não pretendam se candidatar, ressaltando a importância de se ter todas as participações em cursos, congressos e outros eventos documentados, bem como o domínio na preparação de currículo e memorial. Comprometeu-se a enviar exemplos de memorial para o grupo.
Sobre a submissão de projeto para o PIBIC, Matheus diz a Sônia que a intenção é unir os trabalhos de Ava, Ana Urpia e o dele para formar um projeto “guarda-chuva” e posteriormente definir melhor cada uma das propostas.
Sônia pede que também não deixe a submissão no PIBIC para última hora e propõe a Matheus que já comece a produzir e envie para ela ler.
Sônia indicou e disponibilizou na pasta do grupo um texto, trazido por Rita, intitulado “O que é ser universitário”, do livro “Manual de sobrevivência universitária”.
ETNOMETODOLOGIA – MÉTODO OU TEORIA?... E OUTRAS IMPLICAÇÕES
Seguindo o combinado na reunião passada de que as pessoas trariam os temas dos trabalhos para aliar a teoria à experiência dos mestrandos e doutorandos do grupo, Ava inicia a discussão questionando a possibilidade dela utilizar a etnometodologia como referencial teórico e abandonar o interacionismo simbólico.
Sônia ratifica para o grupo a proposta de produzir algum material sobre etnometodologia
Gina pontua que a etnometodologia é um jeito de se ver a realidade e lembra um texto de Garfinkel, no qual ele próprio critica a escolha do termo etnometodologia para designar a teoria, uma vez que o objetivo era identificar algo que se referisse mais a prática, algo como “etnopraxiologia”. Ainda tratando da questão de Ava, Gina diz que adotando a etnometodologia seria como se ela refizesse O métier do estudante, livro de Alain Coulon.
Ava comenta a definição do seu objeto de pesquisa, observando que, de alguma forma, sempre existiu a inserção na universidade de estudantes com o mesmo perfil do grupo que ela pretende estudar, mas que o foco do trabalho está justamente em que tipo de mudanças pode ter ocorrido, partindo da perspectiva do contexto das Ações Afirmativas.
Gina propõe pensar etnometodologia ao contrário, ou seja, como o método das pessoas, pois é sobre isso que incide seu interesse. Ressalta que a proposta deste tipo de trabalho é o pesquisador não apenas apresentar os resultados, mas também explicitar como fez para chegar a eles, destacando o quanto essa demanda é complexa para a dita “ciência dura”. Lembra que, durante a elaboração da sua tese, Coulon disse que apenas ela poderia transcrever as fitas, pois isso era um exercício para tentar se colocar na posição do outro e, a partir dali, buscar a compreensão dos fenômenos. Faz também um contraponto com a etnografia, uma vez que nesta é o pesquisador que olha e descreve o fenômeno.
Rita intervém explicitando que a etnometodologia se volta para como as pessoas realizam as atividades, para o modo que cada uma delas emprega nesta execução e relaciona ao interacionismo simbólico, uma vez que as regras e as normas não são simplesmente seguidas pelas pessoas; estas fazem suas próprias interpretações e, assim, guiam sua atuação.
Rita continua, especificando que a etnografia difere da etnometodologia, pois representa uma narrativa dos processos. Não há uma preocupação com o como as pessoas fazem as coisas, mas sim em descrever a “paisagem”, o contexto. Fala da sua dissertação de mestrado, na qual realizou uma etnografia e da sua postura de, após ter feito a leitura dos dados, levar o resultado para compartilhar com as pessoas que faziam parte do local onde desenvolveu sua pesquisa, no intuito de verificar a fidedignidade da sua interpretação.
Sônia intervém para esclarecer que o procedimento adotado por Rita é o que se denomina reflexividade, destacando a importância política contida na adoção deste tipo de postura.
Gina pontua que esta forma de compreender a reflexividade difere daquela que se delineia pelo seu caráter reflexivo, fazendo uma analogia com uma imagem no espelho.
Sônia lembra que Coulon, na palestra, diz que o mundo é uma máquina que se comenta e remete a um texto de Gina, no livro Psicologia e educação: tecendo caminhos, intitulado “Etnometodologia ou o comentário do mundo”, comprometendo-se a deixar uma cópia na pasta.
Sônia observa que não se pode ser subserviente a uma teoria e ressalta a necessidade de ser capaz de fazer a crítica, mesmo que seja da sua própria opção teórica. Atenta para a multirreferencialidade como recurso no enfrentamento destas questões e possibilidade de compreensão dos fenômenos.
Gina argumenta que, para algumas pessoas, não existe esse lugar de interlocução. Comenta sobre sua banca de doutorado, relatando a crítica feita por René Barbier ao trabalho por não ser político, apesar dele ter se identificando com o que foi apresentado.
Ana Urpia questiona se o uso da etnometodologia é apolítico ou não político e se, quando se utiliza dela, o pesquisador não faz uma crítica ou não chega a nenhuma conclusão.
· Gina esclarece que quando se utiliza da etnometodologia, o pesquisador está tomando a posição do ator e quando faz isso, ele próprio enquanto pesquisador, não toma posição. Fala da crítica de Bourdieu de que o trabalho resultante da etnometodologia é o relatório dos relatórios.
· Ana Urpia questiona esta crítica, argumentando que quando o sujeito fala, esta fala é em direção ao mundo e, conseqüentemente, é um modo de se posicionar.
· Sônia intervém, argumentando que existe uma questão de metaciência, pois, mesmo afirmando que o pesquisador está se colocando no lugar do outro, nessa relação sempre existirá uma interpretação, uma vez que somos seres de linguagem. Apresenta, então, para o grupo a questão da relação indivíduo-sociedade, afirmando que a vivência de cada um tem um conteúdo que é social, de modo que a constituição desta díade deve ser questionada e critica o lugar que a Psicologia passou a ocupar ao aceitá-la, pois esta última passa a ser feita descolada do contexto.
· Damonille refaz a pergunta de Ava sobre a possibilidade de utilizar a etnometodologia sem recorrer ao interacionismo simbólico, indicando que compreende o uso destas perspectivas teóricas de modo complementar.
· Rita diz que quando se usa a etnometodologia inevitavelmente se usa o interacionismo simbólico, pois eles estão colados.
Sônia indica a Ava a leitura da dissertação de Ana Flávia.
Matheus fala do questionamento que as bancas fazem a trabalhos desta natureza sobre qual fenômeno psicológico está sendo estudado. Exemplifica com a banca da dissertação de Ana Flávia.
Gina pontua que existe nisso uma discussão sobre margem, afirmando que da mesma forma que se sofre esse tipo de crítica pelo lado da Psicologia, também se sofre pelo lado da Sociologia, que vai questionar esse tipo de sociologia que não agrega elementos comuns à área como, por exemplo, o uso de estatística ou uma análise macrossocial.
Rita comenta que estamos caminhando para uma visão mais abrangente dos fenômenos e a unificação das Ciências Humanas.
Maíra pergunta a Sônia se ela é a pessoa que recebe os “marginais” do programa, aqueles cujos objetos se encontram nesta fronteira entre as disciplinas.
Sônia diz acreditar que existem lugares de abertura no programa, mas que, particularmente, sente-se como a pessoa que mais radicaliza essa questão, de modo que acaba recebendo estudantes dentro de certo perfil.
PRÓXIMAS REUNIÕES
Foi proposto que a discussão continuasse nas próximas reuniões.
Clarissa e Damonille ficaram responsáveis por iniciar a discussão do dia 14.04, tendo como base os textos “Construcionismo social: uma crítica epistemológica” e “Construtivismo ou construcionismo? Contribuições deste debate para a psicologia social”.
Dia 21.04 não haverá reunião, pois é feriado, e na segunda subseqüente Gina fará uma apresentação de sua tese.
Data: 07.04.08
Presentes: Sônia, Molije, Damonille, Carla, Ana Urpia, Maíra, Rita, Gina, Ava e Matheus.
PREÂMBULO
Sônia inicia a reunião apresentando Molije e expondo para ela o funcionamento do grupo. Molije aproveita o espaço para falar da passagem de Mary Jane Spink por Salvador na quinta-feira passada para a defesa da tese de Guga, denominada “Desejo a flor da tela”. Uma etnografia feita toda pela internet e que apresenta o ponto de vista de pessoas que defendem o sexo sem preservativos, trazendo à tona a relação risco x prazer. Aproveita ainda para convidar o grupo para assistir uma breve apresentação que Guga fará da tese para uma das turmas dela, na quarta-feira 09.04, às 13:30.
Molije também fala sobre o edital do CNPq para recém doutores, incentivando a realização de trabalhos de mais ou menos três anos, com bolsistas de iniciação científica e mestrandos. Fala que pretende submeter um projeto que investigue como ocorre a formação dos residentes nas residências multiprofissionais em saúde mental, considerando o contexto da reforma psiquiátrica e a humanização do SUS.
Sônia intervém discutindo a necessidade de ajustar a linha de educação e saúde para abrigar temas como o de Molije.
Sônia diz ter começado a receber os resumos do CIPA e pede que os interessados se antecipem. Solicita que os resumos sejam enviados até segunda-feira (14.04). Fala um pouco sobre as formas de apresentação, especialmente para os artigos mais teóricos, e sobre a mesa com Alain Coulon.
Sônia comenta que está com dois cursos em andamento, o de Serviço Social e o de Atenção Psicossocial. Fala também da demanda do Reuni para Psicologia, como o aumento das vagas em 20% e a proposta de conteúdos curriculares para o BI de Humanidades.
Rita atenta para o edital da UFRB, que está com inscrições abertas para professores até dia 30.04. Os interessados devem acessar www.ufrb.edu.br.
Sônia recomenda que todos leiam o edital, mesmo que não pretendam se candidatar, ressaltando a importância de se ter todas as participações em cursos, congressos e outros eventos documentados, bem como o domínio na preparação de currículo e memorial. Comprometeu-se a enviar exemplos de memorial para o grupo.
Sobre a submissão de projeto para o PIBIC, Matheus diz a Sônia que a intenção é unir os trabalhos de Ava, Ana Urpia e o dele para formar um projeto “guarda-chuva” e posteriormente definir melhor cada uma das propostas.
Sônia pede que também não deixe a submissão no PIBIC para última hora e propõe a Matheus que já comece a produzir e envie para ela ler.
Sônia indicou e disponibilizou na pasta do grupo um texto, trazido por Rita, intitulado “O que é ser universitário”, do livro “Manual de sobrevivência universitária”.
ETNOMETODOLOGIA – MÉTODO OU TEORIA?... E OUTRAS IMPLICAÇÕES
Seguindo o combinado na reunião passada de que as pessoas trariam os temas dos trabalhos para aliar a teoria à experiência dos mestrandos e doutorandos do grupo, Ava inicia a discussão questionando a possibilidade dela utilizar a etnometodologia como referencial teórico e abandonar o interacionismo simbólico.
Sônia ratifica para o grupo a proposta de produzir algum material sobre etnometodologia
Gina pontua que a etnometodologia é um jeito de se ver a realidade e lembra um texto de Garfinkel, no qual ele próprio critica a escolha do termo etnometodologia para designar a teoria, uma vez que o objetivo era identificar algo que se referisse mais a prática, algo como “etnopraxiologia”. Ainda tratando da questão de Ava, Gina diz que adotando a etnometodologia seria como se ela refizesse O métier do estudante, livro de Alain Coulon.
Ava comenta a definição do seu objeto de pesquisa, observando que, de alguma forma, sempre existiu a inserção na universidade de estudantes com o mesmo perfil do grupo que ela pretende estudar, mas que o foco do trabalho está justamente em que tipo de mudanças pode ter ocorrido, partindo da perspectiva do contexto das Ações Afirmativas.
Gina propõe pensar etnometodologia ao contrário, ou seja, como o método das pessoas, pois é sobre isso que incide seu interesse. Ressalta que a proposta deste tipo de trabalho é o pesquisador não apenas apresentar os resultados, mas também explicitar como fez para chegar a eles, destacando o quanto essa demanda é complexa para a dita “ciência dura”. Lembra que, durante a elaboração da sua tese, Coulon disse que apenas ela poderia transcrever as fitas, pois isso era um exercício para tentar se colocar na posição do outro e, a partir dali, buscar a compreensão dos fenômenos. Faz também um contraponto com a etnografia, uma vez que nesta é o pesquisador que olha e descreve o fenômeno.
Rita intervém explicitando que a etnometodologia se volta para como as pessoas realizam as atividades, para o modo que cada uma delas emprega nesta execução e relaciona ao interacionismo simbólico, uma vez que as regras e as normas não são simplesmente seguidas pelas pessoas; estas fazem suas próprias interpretações e, assim, guiam sua atuação.
Rita continua, especificando que a etnografia difere da etnometodologia, pois representa uma narrativa dos processos. Não há uma preocupação com o como as pessoas fazem as coisas, mas sim em descrever a “paisagem”, o contexto. Fala da sua dissertação de mestrado, na qual realizou uma etnografia e da sua postura de, após ter feito a leitura dos dados, levar o resultado para compartilhar com as pessoas que faziam parte do local onde desenvolveu sua pesquisa, no intuito de verificar a fidedignidade da sua interpretação.
Sônia intervém para esclarecer que o procedimento adotado por Rita é o que se denomina reflexividade, destacando a importância política contida na adoção deste tipo de postura.
Gina pontua que esta forma de compreender a reflexividade difere daquela que se delineia pelo seu caráter reflexivo, fazendo uma analogia com uma imagem no espelho.
Sônia lembra que Coulon, na palestra, diz que o mundo é uma máquina que se comenta e remete a um texto de Gina, no livro Psicologia e educação: tecendo caminhos, intitulado “Etnometodologia ou o comentário do mundo”, comprometendo-se a deixar uma cópia na pasta.
Sônia observa que não se pode ser subserviente a uma teoria e ressalta a necessidade de ser capaz de fazer a crítica, mesmo que seja da sua própria opção teórica. Atenta para a multirreferencialidade como recurso no enfrentamento destas questões e possibilidade de compreensão dos fenômenos.
Gina argumenta que, para algumas pessoas, não existe esse lugar de interlocução. Comenta sobre sua banca de doutorado, relatando a crítica feita por René Barbier ao trabalho por não ser político, apesar dele ter se identificando com o que foi apresentado.
Ana Urpia questiona se o uso da etnometodologia é apolítico ou não político e se, quando se utiliza dela, o pesquisador não faz uma crítica ou não chega a nenhuma conclusão.
· Gina esclarece que quando se utiliza da etnometodologia, o pesquisador está tomando a posição do ator e quando faz isso, ele próprio enquanto pesquisador, não toma posição. Fala da crítica de Bourdieu de que o trabalho resultante da etnometodologia é o relatório dos relatórios.
· Ana Urpia questiona esta crítica, argumentando que quando o sujeito fala, esta fala é em direção ao mundo e, conseqüentemente, é um modo de se posicionar.
· Sônia intervém, argumentando que existe uma questão de metaciência, pois, mesmo afirmando que o pesquisador está se colocando no lugar do outro, nessa relação sempre existirá uma interpretação, uma vez que somos seres de linguagem. Apresenta, então, para o grupo a questão da relação indivíduo-sociedade, afirmando que a vivência de cada um tem um conteúdo que é social, de modo que a constituição desta díade deve ser questionada e critica o lugar que a Psicologia passou a ocupar ao aceitá-la, pois esta última passa a ser feita descolada do contexto.
· Damonille refaz a pergunta de Ava sobre a possibilidade de utilizar a etnometodologia sem recorrer ao interacionismo simbólico, indicando que compreende o uso destas perspectivas teóricas de modo complementar.
· Rita diz que quando se usa a etnometodologia inevitavelmente se usa o interacionismo simbólico, pois eles estão colados.
Sônia indica a Ava a leitura da dissertação de Ana Flávia.
Matheus fala do questionamento que as bancas fazem a trabalhos desta natureza sobre qual fenômeno psicológico está sendo estudado. Exemplifica com a banca da dissertação de Ana Flávia.
Gina pontua que existe nisso uma discussão sobre margem, afirmando que da mesma forma que se sofre esse tipo de crítica pelo lado da Psicologia, também se sofre pelo lado da Sociologia, que vai questionar esse tipo de sociologia que não agrega elementos comuns à área como, por exemplo, o uso de estatística ou uma análise macrossocial.
Rita comenta que estamos caminhando para uma visão mais abrangente dos fenômenos e a unificação das Ciências Humanas.
Maíra pergunta a Sônia se ela é a pessoa que recebe os “marginais” do programa, aqueles cujos objetos se encontram nesta fronteira entre as disciplinas.
Sônia diz acreditar que existem lugares de abertura no programa, mas que, particularmente, sente-se como a pessoa que mais radicaliza essa questão, de modo que acaba recebendo estudantes dentro de certo perfil.
PRÓXIMAS REUNIÕES
Foi proposto que a discussão continuasse nas próximas reuniões.
Clarissa e Damonille ficaram responsáveis por iniciar a discussão do dia 14.04, tendo como base os textos “Construcionismo social: uma crítica epistemológica” e “Construtivismo ou construcionismo? Contribuições deste debate para a psicologia social”.
Dia 21.04 não haverá reunião, pois é feriado, e na segunda subseqüente Gina fará uma apresentação de sua tese.
terça-feira, 8 de abril de 2008
link para o texto Construcionismo social: crítica epistemológica
Gente,
Segue o link para acesso ao texto da próxima reunião.
http://www.sbponline.org.br/revista2/vol12n1/art07_t.pdf
Segue o link para acesso ao texto da próxima reunião.
http://www.sbponline.org.br/revista2/vol12n1/art07_t.pdf
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Prazos do CIPA
- Todos os autores, co-autores e participantes devem fazer sua inscrição individual.
- O pagamento da taxa de inscrição é condição para aceitação, avaliação e publicação do(s) trabalho(s).
- O valor da inscrição não será devolvido.
- A inscrição de trabalho no III CIPA se fará mediante o envio on line do resumo.
- Cada pessoa inscrita terá direito a participar como autor principal de apenas um trabalho.
- A inscrição sem envio de trabalho poderá ser feita de 10 de abril até 30 de julho de 2008, pagando-se a taxa vigente no período de sua efetivação.
- As inscrições poderão ser reabertas durante o período do Congresso.
Prazo para envio do resumo
10 de abril a 26 de maio de 2008
Data para divulgação dos resultados
10 de junho de 2008
Data para envio do trabalho completo
10 de julho de 2008
Registro do encontro: 31/03/2008
Grupo de pesquisa: Aproximações: a perspectiva etno em psicologia do desenvolvimento
Registro da reunião de 31/03/2008
Estiveram presentes nessa reunião: Sônia, Matheus, Ava, Ana Urpia, Ana Margarete, Damonille, Clarissa, Maíra, Gina, Victor, Rita e Carla.
Aproximações iniciais
Sônia começou a reunião trazendo algumas informações e definindo algumas situações:
Registro da reunião de 31/03/2008
Estiveram presentes nessa reunião: Sônia, Matheus, Ava, Ana Urpia, Ana Margarete, Damonille, Clarissa, Maíra, Gina, Victor, Rita e Carla.
Aproximações iniciais
Sônia começou a reunião trazendo algumas informações e definindo algumas situações:
- Ficou acertado o período da segunda semana de agosto para a defesa da dissertação de Victor. O convite para a composição da banca será feito à Silvia Koller (Sônia enviará um e-mail para Silvia, para ela confirmar se poderá vir realmente) e à professora Ana Cecília do nosso programa de pós-graduação.
- Sônia entrou em contato Alain Coulon numa conversa pelo MSN sobre o assunto da tradução do seu livro a ser realizada por Sônia em parceria com Gina (meta de 3 páginas por dia para cada...), com previsão de lançamento para o final de agosto.
- Além disso, confirmou que está prevista a vinda de Coulon para a Bahia, numa iniciativa de um conjunto de universidades (UFRN, UFS, UFRB e UFBA) para trazê-lo como professor visitante. Primeiro ele virá à UFBA para a realização de um seminário previsto para a primeira semana de setembro.
- Sônia compartilhou com o grupo a aquisição de 2 livros infantis portugueses* voltados para crianças cuja paternidade/maternidade são exercidas por pares homossexuais. *Livros: De onde venho? de Javier Termenón Delgado; e "Por quem me apaixonarei" de Wieland Pena e Roberto Maján. Editora: Assoc. Ilga Portugal.
- Sônia destacou a importância para os profissionais que lidam com crianças e famílias, de estarem atentos às estas novas configurações familiares, trazendo como referência o livro “A família em desordem”, da psicanalista e historiadora Elizabeth Roudinesco.
- Sônia apresentou ao grupo a Clarissa, aluna especial da disciplina Infância e Realidade Brasileira, psicóloga com formação pela Universidade Estadual da Paraíba e que tem uma trajetória de militante de movimento estudantil numa corrente que se caracteriza pela ausência de filiação partidária.
- Sônia comentou que a UFBA ganhou a concorrência para participar no Mais Saúde, com a função importante de intermediação das relações entre o SUS e a SESAB. Envolvida neste processo está a Profa. Mônica Lima, integrante do nosso grupo de pesquisa e ligada à área da Saúde, que sugeriu que algum mestrando acompanhasse esse processo. Nesta sexta haverá uma reunião na Sesab sobre as possibilidades de pesquisa relacionadas ao Permanecer SUS, e os mestrandos Victor e Maíra já foram convidados a participarem como representantes do grupo de pesquisa.
Abrindo a discussão
Após o momento inicial, Sônia abriu a parte da reunião em que houve a discussão em torno dos textos propostos:
- Sônia sugeriu que discussão da próxima reunião alie a discussão teórica ao relato das experiências dos orientandos nas suas pesquisas (reflexões, dificuldades, etc), para que se faça uma discussão do campo das etno-metodologias.
- Foi retomada a discussão a partir do texto base escolhido na reunião anterior (capítulo III, A pesquisa como prática discursiva: superando os horrores metodológicos, livro organizado por Mary Jane Spink)
- Sônia lembrou que a discussão anterior parou na referência aos trabalhos de Margareth Mead que romperam com a Antropologia que baseava no relato dos outros, para uma Antropologia do ir ver, do contato, do conhecer as pessoas, do contágio, de tornar-se membro.
De que jeito queremos ser etno
- Na seqüência, Gina traz a discussão sobre a origem histórica da etnografia como uma tarefa de colonização, de falar à distância sobre alguém, de falar do outro sem reconhecer que este outro fala de si mesmo.
- Gina também questiona o modo de fazer pesquisa etno num lugar de autoridade sobre o outro e alerta sob o risco da sedução populista na pesquisa. Ela interroga o grupo sobre a necessidade de um posicionamento, de um acordo a ser construído sob de que modo, de que jeito queremos ser etno no grupo de pesquisa.
- Rita traz elementos para esta discussão, ao colocar que a Psicologia Latino Americana não fala apenas de um lugar reproducionista e de colonizador do discurso alheio, mas que já evoluiu politicamente para uma prática de pesquisa que dá voz e possibilita falar sobre nós mesmos.
- Neste momento, Sônia faz uma ligação entre esta discussão e a que existe envolvendo sociologia da infância, em torno do lugar da criança, como a de um outro silenciado, que nunca é perguntado a falar sobre si. Cita aqui as experiências democráticas de produção de jornais por crianças em orfanatos orientadas por Janusz Korczak.
- Sônia ressalta sua percepção de que algo positivo vem acontecendo nas Ciências Humanas portuguesas, no sentido da desestabilização dos discursos, talvez por influência de Boaventura Santos. Para exemplificar, destaca alguns autores como: Cristina Rocha e Emília Vilarinho (epistemologia da infância); Telmo Caria (etnógrafo).
A angústia que ajuda na produção do conhecimento
- Ana Margarete, aproveitando o questionamento de Gina sobre “como queremos ser etno”, alerta para a necessidade de aprofundarmos os estudos com vista a evitarmos discutir sobre algo que achamos que é a mesma coisa quando na verdade podemos estar falando de coisas diferentes.
- Sônia acredita que esta oposição entre falar e não falar a mesma coisa, sempre perpassa uma “zona escura”, uma zona de angústia e de incerteza que ajuda na produção do conhecimento, sendo perigoso que a obrigação em falar da mesma coisa, transforme-se numa camisa de força corretora de linguagem e de conceitos, algo muito distante de uma proposta metodológica que inclua a invenção, a bricolagem.
- Por falar em angústia, Maíra coloca a sua ao ter assistido uma disciplina do mestrado que envolve Psicologia do Desenvolvimento, em função da inclinação excessiva da disciplina no enfoque evolucionista. Diz se sentir “um peixe fora d’água” ao fazer esta disciplina, questiona este “universo pequeno” de conteúdos e se pergunta para que eles servirão na sua prática profissional.
- Carla também fala de sua angústia, ao ter se percebido com uma “visão fechada” após a primeira reunião com o grupo de pesquisa. Mas, após algumas leituras e refletindo sobre sua prática com projetos de avaliação em escolas no interior da Bahia, pôde ir desconstruindo seus posicionamentos anteriores.
“Etologia doce” e como nos apropriamos de certos conhecimentos
- Sobre esta questão da “serventia” destes conteúdos, Damonille faz uma observação importante de que isto vai depender de como nós nos apropriamos destes conhecimentos. Da mesma forma, Ava ressalta que não é, por exemplo, o questionário em si que determina a “dureza” das interpretações, mas sim a forma como eles são utilizados.
- Sônia ressalta o valor dos conhecimentos da Etologia e propõe trazer Ana Maria Almeida Carvalho, professora de Psicologia da Universidade de São Paulo, enquanto ela se encontra em Salvador, para falar para o grupo de pesquisa um pouco sobre Etologia e desenvolvimento humano, já que esta possui uma forma bastante agradável de tratar a Etologia.
Olhar as entrelinhas e a força da interação
- Sônia comentou que na sua pesquisa de mestrado realizada numa escola pública no Alto das Pombas, mais além da classificação dos comportamentos em adequados e inadequados, ela percebeu que na categoria chamada outros, aquilo que aparecia com menor freqüência, era o quê realmente era o mais importante, pois representava o quê as crianças de verdade achavam da escola, da professora e do contexto.
- Diante disto, Sônia e Rita reforçam a importância de se olhar as entrelinhas, os não-lugares e os não-ditos dos participantes da pesquisa, aceitando a forma como eles podem se apresentar e dizer.
- Sônia comentou do capítulo final do livro Vozes do meio-fio (de Claudia Milito e de Helio Silva) que trata de aspectos metodológicos importantes como: o diálogo, a conversa, o interesse pela vida do outro e o lugar da horizontalidade na relação entre pesquisador e o participante da pesquisa.
- Neste sentido da interação entre pesquisador e participante, Ana Urpia sugere para o grupo um texto que ela leu recentemente, que fala da importância de observar as pequenas estórias trazidas pelas pessoas e da força da interação para os resultados das entrevistas.
“Que tipos de escravos vocês querem ter”
- Também serão abertas as inscrições do PIBIC na terça, e a idéia é estar selecionando alunos da graduação para que possam estar concorrendo às bolsas, sendo que as propostas devem envolver o assunto vida universitária e juventude. Ficaram responsáveis por esta tarefa, Mateus, Ava, Ana e Sônia.
- Sônia acha que o grupo tem que definir quem vai apresentar o quê e com quem no CIPA. Ficou mapeado que Mateus, Ava e Ana estarão elaborando a proposta de uma mesa, e que Sônia e Gina pensarão uma atividade conjunta também.
Gravação e transcrição das reuniões
- Gina sugere que neste processo de consolidação do grupo, os encontros deveriam ser gravados, posteriormente transcritos, para depois o grupo escrever em cima disto.
- O grupo acatou a idéia, sendo que Sônia e Clarissa ficaram de trazer gravadores na próxima reunião para uma primeira experiência de gravação.
- Mateus também sugeriu que os arquivos de áudio ficassem disponíveis no blog do grupo.
- Gina finalizou marcando a importância de se discutir o que significa gravar e deixar na web tais gravações.
“Por falar em horrores metodológicos, vocês não podem perder... a ciência em marcha”
- Sônia faz um novo questionamento sobre o quê Spink, no seu texto, se refere quando fala dos horrores metodológicos.
- Gina fez referência a Hubert de Luze, autor de uma tese de doutorado envolvendo mentira e homossexualidade, que traz uma definição sobre a indexicalidade, que segundo Gina é mais bem dita que a de Coulon. Para De Luze, a indexicalidade envolveria a idéia de um contexto que leva a outro, a idéia de árvore.
- Clarissa lançou uma dúvida dela quanto ao conceito de replicabilidade, que Rita e Damonille ajudaram a esclarecer, marcando uma diferenciação no uso do conceito na pesquisa - todo fenômeno/resultado deve poder ser observado/encontrado mais de uma vez, por diferentes grupos, usando o mesmo método - e no uso do conceito relacionado à reaplicação de determinadas tecnologias sociais.
- Sônia colocou a obra As Mil e Uma Noites e os seus contos como uma boa metáfora para a ciência, em que para não morrer no obscurantismo, toda dia ela inventa uma coisa para colocar no lugar.
- Gina assinalou que hoje descobrimos que não podemos dominar tudo, que a promessa de estabilidade da ciência do final do século XIX não se concretizou. Temos que conviver com a inconclusividade e com a impossibilidade de controlar todas as variáveis.
- Neste sentido, Rita argumenta que a pesquisa qualitativa está interessada no específico, no particular, contrariamente ao controle da reflexividade e da subjetividade latente do pesquisador.
- Sônia lembrou das idéias interessantes de Fritjof Capra, no livro O Ponto de Mutação, de que a ciência baseada na lógica do gênero masculino (apropriação, conquista da natureza, voracidade e destruição) vem perdendo espaço para uma ótica feminina de proteção, cuidado e suporte.
“E com anarquia a gente vai”
- Ao final, Ana Urpia comentou que achou a discussão maravilhosa e com profundidade, o quê todos concordaram.
- Sônia sugeriu que o grupo deve progredir para ter uma página na internet para colocar o que se pensa, sugestões de literatura, link para textos e dissertações defendidas.
- Ficou combinado de continuarmos com o mesmo texto base de Spink, mas já agregando elementos do artigo "Construtivismo ou Construcionismo? Contribuições deste debate para a Psicologia Social" de Ronald João Jacques Arendt.
- Ana Urpia ficou de ver com Gina como viabilizar o envio do pdf da tese de doutorado de Gina.
- Sônia comentou sobre a defesa da tese: Política de Ações Afirmativas na Educação Brasileira (ver mensagem recente de Sônia) sugerindo-a para quem está envolvido com o tema.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Msg Sônia
Olá todo mundo... Viu aí que eu consegui fazer tudo direitinho? E sem ajuda! Agora resolvi essa minha falha de caráter.
Sônia
Sônia
segunda-feira, 31 de março de 2008
Defesa de Tese
Gente,
Segue uma mensagem de Sônia!!!
Pessoal,
na próxima 5a. feira, às 14 h, termos na FACED/UFBA a defesa da tese: Política de Ações Afirmativas na Educação Brasileira: estudo de caso do programa de reserva de vagas para ingresso na UFBA. de Penildo Santos (acho que é esse o sobrenome) orientado pelo Prof. Edvaldo Boaventura.
Na banca, além de Álamo Pimentel, Pró-Reitor de Assistência Estudantil, Kabengele Munanga, professor na USP com vasto currículo ligado a questões raciais.
Conto com a presença de vcs, principalmente daqueles cujos interresses giram em torno das ações afirmativas.
Um abraço,
Sônia
Segue uma mensagem de Sônia!!!
Pessoal,
na próxima 5a. feira, às 14 h, termos na FACED/UFBA a defesa da tese: Política de Ações Afirmativas na Educação Brasileira: estudo de caso do programa de reserva de vagas para ingresso na UFBA. de Penildo Santos (acho que é esse o sobrenome) orientado pelo Prof. Edvaldo Boaventura.
Na banca, além de Álamo Pimentel, Pró-Reitor de Assistência Estudantil, Kabengele Munanga, professor na USP com vasto currículo ligado a questões raciais.
Conto com a presença de vcs, principalmente daqueles cujos interresses giram em torno das ações afirmativas.
Um abraço,
Sônia
quinta-feira, 27 de março de 2008
Registro do encontro: 24/03/2008
Registro da reunião de 24/03/2008, do grupo de pesquisa: Aproximações
Estavam presentes nessa reunião: Sônia, Matheus, Ana Urpia, Ava, Ana Margarete, Victor, Rita e Carla. Sônia começou a reunião referindo-se à tarefa que lhe coube na semana passada: comunicar-se com Odilza, pedindo que ela enviasse o seu artigo. Apesar de ter enviado um email para Odilza, não obteve resposta. A idéia é que o grupo possa ler o artigo e fazer uma análise crítica, tentando entender por quais motivos ele não foi aceito pela revista de psicologia a que foi submetido.
Depois disso, Sônia compartilhou com o grupo uma série de livros que julga importantes para nossas discussões, dentre eles, destacou, especialmente, o de João Batista, sobre Análise Institucional e Construcionismo Social. Além deste, trouxe também o livro de Geertz: Nova Luz sobre a Antropologia, destacando o capítulo sobre diversidade, o livro Comunidade, de Bauman, e o Manual de Análise do Discurso em Ciências Sociais, de Lupicinio Iñiguez .
Após este momento, apresentou ao grupo sua aluna da disciplina Infância e Realidade Brasileira, Carla, cujo projeto de pesquisa relaciona-se com a prática de alisamento de cabelos entre mulheres de gerações diferentes. Carla estava interessada em saber sobre etnografia e, a convite de Sônia, foi visitar o grupo. Sônia enfatizou que Carla era da área da História, e que era muito bem-vinda em nosso grupo, já que este está aberto a diferentes disciplinas que possam dialogar com a psicologia.
Sônia passa a palavra ao grupo, para que este inicie a discussão em torno do texto proposto para esta segunda-feira. Quem começa a falar é Ana Margarete, ressaltando que Spink não é relativista, mas sim construcionista. Destaca ainda a diferença que a autora faz sobre senso-comum e ciência, e cita Gaston Bachelard, referindo-se às múltiplas formas de perceber os fenômenos e o papel da linguagem nesse processo.
Sônia retoma a palavra, e assinala que essa linha divisória entre ciência e senso-comum tem pontos positivos e negativos. Um dos pontos negativos citados por Sônia refere-se à desqualificação do senso-comum como conhecimento. Segundo ela, os saberes situados nesse campo (do senso-comum) tem ficado, muitas vezes, à margem da academia e de suas pesquisas científicas.
Ana Margarete fala que a discussão sobre ciência como detentora da verdade tem sido bastante questionada, e que a Filosofia Analítica tem tido um importante papel nesse processo. Ela cita Rorty e comenta sobre a idéia de uma verdade situada, uma verdade que faz sentido dentro de um determinado campo epistemológico, que lhe confere uma coerência interna. Refere-se ainda à necessidade se fazer uma epistemologia da ciência, de modo que seja possível compreender de que ‘lugar’ estamos falando e construindo ciência.
Sônia levanta a possibilidade de se pensar a partir do multirreferencialismo, ou seja, da idéia de múltiplas referências. A questão, segundo Sônia, é como fazer isso, pois o diálogo entre referenciais diferentes é possível, ainda que possa configura-se desafiador e até questionável a partir de algumas perspectivas.
Matheus argumenta que a questão do método na psicologia debate-se entre a possibilidade de acesso ao conhecimento sobre o sujeito e a discussão política.
Sônia refere-se à idéia de bricolagem para falar da construção do método, como um processo que envolve invenção.
Ana Maria faz uma pergunta ao grupo: Qual seria a diferença da entrevista narrativa dentro de uma pesquisa narrativa e uma entrevista narrativa dentro de uma abordagem etnográfica? O que caracteriza essa entrevista no âmbito da etnografia? Seria, justamente, sua ênfase e relação com o contexto?
Matheus propõe uma outra pergunta: Que diferenças poderia se estabelecer entre a explicação e a compreensão nas abordagens metodológicas do campo da psicologia?
Ana Maria responde que, no que se refere à pesquisa etnográfica, o propósito seria o da compreensão e não da explicação. Sônia traz, então, a idéia de entrevista compreensiva que, segundo ela, é muito semelhante à idéia de entrevista narrativa, tal como proposta por alguns autores. Enfatiza que esse processo de construção metodológica funciona como uma bricolagem, e que, muitas vezes, dão-se nomes diferentes a coisas muito semelhantes em diversos campos de construção do conhecimento e abordagens metodológicas.
Sônia também enfatiza a importância do diário de campo na pesquisa etnográfica e diz que, a priori, ela não acredita que seja possível falar em pesquisa etnográfica com dados coletados apenas via entrevista. Ressalta ainda, que o problema é que, muitas vezes, a ciência, com o pretexto da objetividade, acaba enxugando o texto acadêmico de tudo o que é humano. E cita, finalmente, a frase de Wittgenstein quando sugere substituir a explicação pela descrição. Quando descrevemos a realidade, como procura fazer a etnografia, nos colocamos mais perto daquilo que desejamos conhecer, comenta Sônia, referindo-se ao autor.
Segundo Ana Margarete, é nesse sentido que podemos pensar no construcionismo como forma de superação do dualismo dentro da ciência. E com construcionismo não se deve entender a ‘lógica do tudo vale’, como pontua Spink.
Sônia lembra de um livro chamado O olhar do observador, onde o autor ou autora traz a seguinte idéia: a objetividade é a ilusão de que alguma coisa pode ser observada sem o olhar do observador. Relembra também as contribuições de Laplantine no que se refere ao relativismo, quando escreve sobre a história da antropologia e, portanto, das culturas, do diferente. Para essa autora, quando os antropólogos ‘não tinham mais o mundo novo para ser estudado’, resolveram estudar a diferença dentro de suas próprias culturas.
Rita, então, enfatiza que é assim que a antropologia inaugura a etnografia. O antropólogo vai a campo, sai de seu gabinete.
Margarete retoma a sua fala sobre a importância de sabermos do que estamos falando, a partir de que referenciais. Sônia aproveita para referir-se à necessidade do grupo de construir consistência sobre o que significa etnopsicologia. Por que chamamos o grupo de Aproximações?
Ana Maria sugere que o grupo, com fins de uma maior sistematização dos estudos, tenha um responsável por semana para desenvolver, em linhas gerais, as idéias principais de um ‘texto-base’, ainda que outras leituras paralelas possam ser feitas, enriquecendo a discussão. O propósito seria exatamente ganhar consistência em nossas discussões em torno da etnopsicologia e organizar o material explorado pelo grupo.
Sônia colocou-se aberta à proposta, mas depois de alguma discussão, o grupo pareceu preferir uma discussão mais aberta, sem um responsável, necessariamente. Resolvemos pensar mais sobre isso durante a semana e combinamos continuar a discussão do mesmo texto (Spink) na próxima segunda. Finalizamos assim a reunião deste dia!
Estavam presentes nessa reunião: Sônia, Matheus, Ana Urpia, Ava, Ana Margarete, Victor, Rita e Carla. Sônia começou a reunião referindo-se à tarefa que lhe coube na semana passada: comunicar-se com Odilza, pedindo que ela enviasse o seu artigo. Apesar de ter enviado um email para Odilza, não obteve resposta. A idéia é que o grupo possa ler o artigo e fazer uma análise crítica, tentando entender por quais motivos ele não foi aceito pela revista de psicologia a que foi submetido.
Depois disso, Sônia compartilhou com o grupo uma série de livros que julga importantes para nossas discussões, dentre eles, destacou, especialmente, o de João Batista, sobre Análise Institucional e Construcionismo Social. Além deste, trouxe também o livro de Geertz: Nova Luz sobre a Antropologia, destacando o capítulo sobre diversidade, o livro Comunidade, de Bauman, e o Manual de Análise do Discurso em Ciências Sociais, de Lupicinio Iñiguez .
Após este momento, apresentou ao grupo sua aluna da disciplina Infância e Realidade Brasileira, Carla, cujo projeto de pesquisa relaciona-se com a prática de alisamento de cabelos entre mulheres de gerações diferentes. Carla estava interessada em saber sobre etnografia e, a convite de Sônia, foi visitar o grupo. Sônia enfatizou que Carla era da área da História, e que era muito bem-vinda em nosso grupo, já que este está aberto a diferentes disciplinas que possam dialogar com a psicologia.
Sônia passa a palavra ao grupo, para que este inicie a discussão em torno do texto proposto para esta segunda-feira. Quem começa a falar é Ana Margarete, ressaltando que Spink não é relativista, mas sim construcionista. Destaca ainda a diferença que a autora faz sobre senso-comum e ciência, e cita Gaston Bachelard, referindo-se às múltiplas formas de perceber os fenômenos e o papel da linguagem nesse processo.
Sônia retoma a palavra, e assinala que essa linha divisória entre ciência e senso-comum tem pontos positivos e negativos. Um dos pontos negativos citados por Sônia refere-se à desqualificação do senso-comum como conhecimento. Segundo ela, os saberes situados nesse campo (do senso-comum) tem ficado, muitas vezes, à margem da academia e de suas pesquisas científicas.
Ana Margarete fala que a discussão sobre ciência como detentora da verdade tem sido bastante questionada, e que a Filosofia Analítica tem tido um importante papel nesse processo. Ela cita Rorty e comenta sobre a idéia de uma verdade situada, uma verdade que faz sentido dentro de um determinado campo epistemológico, que lhe confere uma coerência interna. Refere-se ainda à necessidade se fazer uma epistemologia da ciência, de modo que seja possível compreender de que ‘lugar’ estamos falando e construindo ciência.
Sônia levanta a possibilidade de se pensar a partir do multirreferencialismo, ou seja, da idéia de múltiplas referências. A questão, segundo Sônia, é como fazer isso, pois o diálogo entre referenciais diferentes é possível, ainda que possa configura-se desafiador e até questionável a partir de algumas perspectivas.
Matheus argumenta que a questão do método na psicologia debate-se entre a possibilidade de acesso ao conhecimento sobre o sujeito e a discussão política.
Sônia refere-se à idéia de bricolagem para falar da construção do método, como um processo que envolve invenção.
Ana Maria faz uma pergunta ao grupo: Qual seria a diferença da entrevista narrativa dentro de uma pesquisa narrativa e uma entrevista narrativa dentro de uma abordagem etnográfica? O que caracteriza essa entrevista no âmbito da etnografia? Seria, justamente, sua ênfase e relação com o contexto?
Matheus propõe uma outra pergunta: Que diferenças poderia se estabelecer entre a explicação e a compreensão nas abordagens metodológicas do campo da psicologia?
Ana Maria responde que, no que se refere à pesquisa etnográfica, o propósito seria o da compreensão e não da explicação. Sônia traz, então, a idéia de entrevista compreensiva que, segundo ela, é muito semelhante à idéia de entrevista narrativa, tal como proposta por alguns autores. Enfatiza que esse processo de construção metodológica funciona como uma bricolagem, e que, muitas vezes, dão-se nomes diferentes a coisas muito semelhantes em diversos campos de construção do conhecimento e abordagens metodológicas.
Sônia também enfatiza a importância do diário de campo na pesquisa etnográfica e diz que, a priori, ela não acredita que seja possível falar em pesquisa etnográfica com dados coletados apenas via entrevista. Ressalta ainda, que o problema é que, muitas vezes, a ciência, com o pretexto da objetividade, acaba enxugando o texto acadêmico de tudo o que é humano. E cita, finalmente, a frase de Wittgenstein quando sugere substituir a explicação pela descrição. Quando descrevemos a realidade, como procura fazer a etnografia, nos colocamos mais perto daquilo que desejamos conhecer, comenta Sônia, referindo-se ao autor.
Segundo Ana Margarete, é nesse sentido que podemos pensar no construcionismo como forma de superação do dualismo dentro da ciência. E com construcionismo não se deve entender a ‘lógica do tudo vale’, como pontua Spink.
Sônia lembra de um livro chamado O olhar do observador, onde o autor ou autora traz a seguinte idéia: a objetividade é a ilusão de que alguma coisa pode ser observada sem o olhar do observador. Relembra também as contribuições de Laplantine no que se refere ao relativismo, quando escreve sobre a história da antropologia e, portanto, das culturas, do diferente. Para essa autora, quando os antropólogos ‘não tinham mais o mundo novo para ser estudado’, resolveram estudar a diferença dentro de suas próprias culturas.
Rita, então, enfatiza que é assim que a antropologia inaugura a etnografia. O antropólogo vai a campo, sai de seu gabinete.
Margarete retoma a sua fala sobre a importância de sabermos do que estamos falando, a partir de que referenciais. Sônia aproveita para referir-se à necessidade do grupo de construir consistência sobre o que significa etnopsicologia. Por que chamamos o grupo de Aproximações?
Ana Maria sugere que o grupo, com fins de uma maior sistematização dos estudos, tenha um responsável por semana para desenvolver, em linhas gerais, as idéias principais de um ‘texto-base’, ainda que outras leituras paralelas possam ser feitas, enriquecendo a discussão. O propósito seria exatamente ganhar consistência em nossas discussões em torno da etnopsicologia e organizar o material explorado pelo grupo.
Sônia colocou-se aberta à proposta, mas depois de alguma discussão, o grupo pareceu preferir uma discussão mais aberta, sem um responsável, necessariamente. Resolvemos pensar mais sobre isso durante a semana e combinamos continuar a discussão do mesmo texto (Spink) na próxima segunda. Finalizamos assim a reunião deste dia!
segunda-feira, 24 de março de 2008
Link para o texto sobre Construcionismo
Segue abaixo o link para o texto: "Construtivismo ou Construcionismo? Contribuições deste debate para a Psicologia Social" de Ronald João Jacques Arendt.
www.scielo.br/pdf/epsic/v8n1/17230.pdf
Aproveito para informar que os textos sobre Construcionismo já se encontram na pasta do Grupo de Pesquisa.
www.scielo.br/pdf/epsic/v8n1/17230.pdf
Aproveito para informar que os textos sobre Construcionismo já se encontram na pasta do Grupo de Pesquisa.
domingo, 23 de março de 2008
segunda-feira, 17 de março de 2008
registro_17.03.2008
A pauta definida por Sônia, para essa 1º reunião de 2008, consistia na apresentação dos membros, no balanço da produção de 2007 e na discussão de novas perspectivas para o grupo. Estiveram presentes nessa primeira reunião: Damonille, Rita Leite, Ana Margareth, Matheus, Ana Urpia, Victor, Maíra e Ava.
Em um primeiro momento, Sônia solicitou aos participantes que investigassem o programa da disciplina Psicologia Escolar I, pois, diante de alguma impossibilidade dela dar aula nesse semestre, alguém poderia preparar uma apresentação para a sua turma de graduação. Entretanto, por enquanto, não há nenhuma substituição prevista. Ela solicitou também que o grupo se organizasse e definisse uma liderança, para que as reuniões possam acontecer mesmo sem a sua presença.
Sônia fez um balanço das produções de 2007 e constatou que não houve uma iniciativa do grupo em encaminhar artigos para a publicação, embora tenham acontecido algumas apresentações. Pediu que esse ano o grupo ficasse atento aos encontros, congressos e editais para a publicação e divulgação dos trabalhos acadêmicos. Dentre os congressos que acontecerão neste ano, Sônia destacou o CIPA (Congresso Internacional de Pesquisa Autobiográfica), que abrirá suas inscrições no dia 09 de abril. Também citou o Congresso do México (Psicologia Social da Libertação) e o encontro nacional sobre juventude (JUBRA).
Definiu-se na reunião a criação de um blog do grupo, que será criado por Matheus, mas que poderá ser acessado por todos os participantes. No blog poderão ser postados textos e fotos relacionados aos temas abordados.
Dentro das novas perspectivas para o grupo em 2008, ficou estabelecido que as aulas irão abranger tanto uma discussão epistemológica, como também serão abordados assuntos relacionados à Universidade. Para a próxima reunião, Sônia sugeriu o capítulo III, do livro organizado por Mary Jane Spink. Ela também indicou outras referências importantes como: A descrição Etnográfica (François Laplantine), o capítulo sobre Interacionismo Simbólico da dissertação de Ana Flávia (banco de dissertações do Programa de Pós Graduação em Psicologia), a discussão feita por Gina sobre Etnometodologia e Interacionismo Simbólico em sua tese, As microssociologias, de Lapassade e A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade, de Boaventura Santos. Será criada uma pasta que ficará na secretaria da pós-graduação, com Henrique. Essa pasta, além de conter os textos sugeridos para a aula, poderá também abarcar outros textos que ao longo das reuniões venham a ser sugeridos pelos membros do grupo.
Por fim, Sônia citou a parceria que foi feita entre a SESAB e o projeto Permanecer e disse que há a necessidade da participação de algum mestrando que pudesse orientar alguns desses estudantes e contribuir para o desenvolvimento do projeto. Sônia sugeriu a participação de Victor ou de Maíra, pois ambos estão envolvidos com a área de saúde.
Tarefas para Sônia:
- Inscrever Ava e Maíra oficialmente no grupo, para isso devem ser enviados os CPF’s das alunas.
- Encaminhar para o grupo o artigo de Edilza que foi rejeitado.
- Enviar o link do Congresso do México e do CIPA
- Entrar em contato com Sílvia e verificar a disponibilidade que ela tem em participar da banca de Victor, caso sua defesa seja postergada.
Em um primeiro momento, Sônia solicitou aos participantes que investigassem o programa da disciplina Psicologia Escolar I, pois, diante de alguma impossibilidade dela dar aula nesse semestre, alguém poderia preparar uma apresentação para a sua turma de graduação. Entretanto, por enquanto, não há nenhuma substituição prevista. Ela solicitou também que o grupo se organizasse e definisse uma liderança, para que as reuniões possam acontecer mesmo sem a sua presença.
Sônia fez um balanço das produções de 2007 e constatou que não houve uma iniciativa do grupo em encaminhar artigos para a publicação, embora tenham acontecido algumas apresentações. Pediu que esse ano o grupo ficasse atento aos encontros, congressos e editais para a publicação e divulgação dos trabalhos acadêmicos. Dentre os congressos que acontecerão neste ano, Sônia destacou o CIPA (Congresso Internacional de Pesquisa Autobiográfica), que abrirá suas inscrições no dia 09 de abril. Também citou o Congresso do México (Psicologia Social da Libertação) e o encontro nacional sobre juventude (JUBRA).
Definiu-se na reunião a criação de um blog do grupo, que será criado por Matheus, mas que poderá ser acessado por todos os participantes. No blog poderão ser postados textos e fotos relacionados aos temas abordados.
Dentro das novas perspectivas para o grupo em 2008, ficou estabelecido que as aulas irão abranger tanto uma discussão epistemológica, como também serão abordados assuntos relacionados à Universidade. Para a próxima reunião, Sônia sugeriu o capítulo III, do livro organizado por Mary Jane Spink. Ela também indicou outras referências importantes como: A descrição Etnográfica (François Laplantine), o capítulo sobre Interacionismo Simbólico da dissertação de Ana Flávia (banco de dissertações do Programa de Pós Graduação em Psicologia), a discussão feita por Gina sobre Etnometodologia e Interacionismo Simbólico em sua tese, As microssociologias, de Lapassade e A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade, de Boaventura Santos. Será criada uma pasta que ficará na secretaria da pós-graduação, com Henrique. Essa pasta, além de conter os textos sugeridos para a aula, poderá também abarcar outros textos que ao longo das reuniões venham a ser sugeridos pelos membros do grupo.
Por fim, Sônia citou a parceria que foi feita entre a SESAB e o projeto Permanecer e disse que há a necessidade da participação de algum mestrando que pudesse orientar alguns desses estudantes e contribuir para o desenvolvimento do projeto. Sônia sugeriu a participação de Victor ou de Maíra, pois ambos estão envolvidos com a área de saúde.
Tarefas para Sônia:
- Inscrever Ava e Maíra oficialmente no grupo, para isso devem ser enviados os CPF’s das alunas.
- Encaminhar para o grupo o artigo de Edilza que foi rejeitado.
- Enviar o link do Congresso do México e do CIPA
- Entrar em contato com Sílvia e verificar a disponibilidade que ela tem em participar da banca de Victor, caso sua defesa seja postergada.
Assinar:
Comentários (Atom)